Um pouco da minha carreira!

Passei a maior parte da minha vida na Universidade Federal de Santa Maria. Ao entrar, em 1971, na Faculdade de Veterinária, até o dia 25 de junho de 2015, quando me aposentei, deixando o vínculo oficial com aquela entidade.

Foram anos como pedagogo, desde a Medicina Veterinária à Informática na Educação, a qual me dedico desde 1990, quando aconteceu a abertura desta tecnologia no Brasil.

Lá se vão 45 anos, da lide campeira, passando pelo DOS, até o fabuloso Hipertexto, hoje a ferramenta de trabalho ...

O início

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (julho de 1975), fiz Especialização em Nutrição do Cavalo de Corridas, Mestrado em Engenharia de Produção na Universidade Federal de Santa Maria (2001), em Tecnologia da Informação. Posteriormente realizei Doutorado em Informática na Educação (2010), pelo PPGIE, UFRGS, RS, BR e com PDEE na Universidade de Lisboa, Portugal. Atualmente, estou aposentado como professor Associado 1. Na UFSM, lecionei Iniciação a Veterinária, Equideocultura, Extensão Rural, professor convidado em Didática Especial em Cirurgia e agora Informática na Educação. Trabalhei até 1990 em clínica cirúrgica de grandes animais, especialmente cavalos de corrida, onde também fui preparador físico (treinador) durante 20 anos, minha grande paixão.

O professor

Trabalhei muitos anos em Extensão Rural, pois minha formação primeira foi de Médico Veterinário. Nós, da área rural, temos que realmente saber comunicar, ou melhor, ser artistas, para termos sucesso junto ao rurícola.

Raciocinem comigo: como chegar a um produtor de 70 anos de idade (só de lembrar fico angustiado), que mora lá no morro ou no "fundo da invernada", sem saber o que é mundo, que passou toda vida fazendo as coisas sempre da mesma maneira que o pai, que o avô, que o bisavô..., que a partir daquele dia ele deveria, antes de tirar o leite, lavar bem as mãos, secar com papel descartável, lavar as tetas da vaca com água morna, afim de não “contaminar” o leite e o próprio úbere, com “bactérias”? Nossa! Bactérias? O que é isso doutor?

E agora?

Deixo a resposta para se fazer um exercício com fim pedagógico e de comunicação. Tentem!

No final dos cursos eu dava a minha resposta, a que eu usava. Se alguém descobrisse antes, tinha nota 10.

Depois de trabalhar 18 anos nesta área, dediquei-me à informática, ainda engatinhando e recém aberta à reserva de mercado (1989). Apaixonei-me pela Multimídia, pois através dela eu continuaria a fazer comunicação, e de uma forma muito mais alegre, ainda multissensorial e eficaz.

Após concurso, ingressei na Universidade Federal de Santa Maria, no Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural do Centro de Ciências Rurais. Fui jogado aos leões! "Tu vais dar aula de Extensão Rural, área de Metodologia", disse-me o “chefe”. Três dias depois de apresentado ao departamento, virei professor, pedagogo, sem mesmo, sequer, saber o significado da própria palavra pedagogia. Didática?

E agora?

De Veterinário campeiro, profissional de mangueira, apaixonado por cavalos, a professor, em 3 dias. Mas para ser professor não se tem que ter curso de pedagogia? De licenciatura? Naquele dia já armazenei a primeira dúvida, e que tempos depois encontrei a resposta: ser pedagogo(a) diplomado(a) nem sempre significa saber ensinar, e sim, conhecer teorias e técnicas que levem a este fim, ou seja, comunicar corretamente.

Ensinar, para mim, é fazer com que o aluno aprenda a aprender, e não apenas despejar conteúdos, como em um recipiente. Digo isso sem medo de errar, sem ter consultado grandes nomes da área como Piaget, Vigotyski, Papert, Freire, Damásio e tantos outros. Só fui ler estes estudiosos quando ingressei no doutorado, muitos anos depois de me tornar “professor”.

Eu sou "Deweyano". John Dewey foi um filósofo, pedagogo norte-americano. Expoente máximo da escola progressiva norte-americana, nasceu em 20 de outubro de 1859, Burlington, Vermont, EUA e faleceu em 1 de junho de 1952, em Nova Iorque, EUA. Influênciado e seguidor de William James, Jean-Jacques Rousseau e Platão.

Sua filosofia, o Pragmatismo, é a luz de meu trabalho pedagogo. No instrumentalismo, como ele preferia chama-lo, "as ideias só têm importância desde que sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais". Na pedagogia, a teoria de Dewey é chamada educação progressiva. O que importa é o crescimento - físico, emocional e intelectual. Nunca consegui ensinar teoria sem a prática. Dizia: "O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de pensamento". Eu sempre defendi, de forma democrática e científica, que ajudamos o aluno a aprender. Ensinamos muito pouco, em curto espaço de tempo!

Mesmo no doutorado as coisas não mudaram muito não. Continuam os mesmos erros, talvez piores pelo “grau” dos doutores, que nos “ensinam”. É na base do “faz o que eu digo, mas não faça o que faço”, simplista (ou reducionista...).

Nunca me conformei em ser professor sem saber o que acontecia na cabeça dos alunos para eles aprenderem, ou, o que eu deveria fazer, de forma tecnicamente correta, para ajudá-los a aprender. Comecei, então, a procurar cursos ministrados por pedagogas, a ler sobre ensino e como comunicar. Estudei muito o cérebro, como funciona, como aprende, como armazena os subsunsores.

Estava no caminho certo. Assim,poderia me sentir útil, profissional respeitado, evoluir como professor e cidadão, retornando a sociedade aquilo que ela me dera: cultura.

No meu tempo de guri, o pessoal chamava estes cursos de “cursinho walita”, pois eram muito rápidos, iguais àqueles que a Walita ministrava a quem comprava seus aparelhos eletrodomésticos.

Ensinar técnicas ao homem do campo realmente é uma arte difícil. Há que se saber “de cor e salteado ” como se dá à comunicação. Um só erro em qualquer dos elementos, perde-se a “freguesia” e dificilmente a recuperamos. Assim, por responsabilidade, por obrigação como professor, fui aprendendo a aprender, lendo e ouvindo muito os mais experientes, buscando as respostas, reconhecendo os erros de forma humilde, filtrando o bom e o ruim e, acima de tudo, me organizar, planejar, traçar objetivos e colocá-los no papel e executar, um de cada vez. Ler a coisa científica, diariamente, é imprescindível!

Para minha felicidade, no início de minha carreira como professor universitário, fui fazer o Pré-Serviço em Extensão Rural na ACARESC, Santa Catarina. Lá, aprendi o que é comunicação, aprendi a falar e ouvir, lá aprendi a “ensinar a aprender”. Todos deveriam fazer um curso destes, pois, mesmo que tenha sido dirigido a extensão rural, no caso, até hoje uso regras e técnicas que auxiliaram tanto no meu sucesso como veterinário e como professor, um pedagogo e comunicador. Aprendi a fazer Flanelógrafo, Álbum Seriado, Striptease, Cartazes, Miniaturas, Réplicas e Transparências a mão livre. Não existia essa maravilhosa máquina chamada de computador. Tive que aprender a falar em público, conduzir Reuniões, Dias de Campo, Demonstrações de Resultados, Seminários, treinar na frente do espelho, fazer teatro cultural ..., enfim, comunicar.

Com essa bagagem acumulada e viver comunicando, creio ter contribuído para o ensino, cujo sistema, cada vez mais, tanto me angustia. Continuo trabalhando, pesquisando. O cérebro não pode falecer! Assim, deixei alguma coisa na minha passagem pela minha querida Universidade Federal de Santa Maria, a quem devo tudo que sou, profissionalmente e como cidadão. Assim, retribuo o investimento que a sociedade fez em mim.

Ao encerrar essa pequena mensagem sobre um pouco do lado profissional, lembro do colega de departamento, Gustavo Afonso Martin Quesada, que dizia: “quem passar dentro de uma universidade como professor e não deixar um livro escrito, apenas passou”.

Este texto vai para meu livro que já iniciei: “Da mangueira ao Notebook”.

Então, mãos a obra!

Atual

A partir de 1989 me dedico a pesquisa sobre uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, com especial foco no uso do imagético para aprender.

Ministro cursos sob demanda, na área de Produção de Objetos de Aprendizagem para novos docentes de universidades, como parte das atividades curriculares. Também, para pós graduandos e profissionais que necessitem realizar apresentações.

Meu grande investimento do tempo é dedicado ao desenvolvimento de Páginas Web, onde posso exercer minha paixão pela criação do novo!

Meu passatempo,minha paixão, a criação de cavalos!

Um grande abraço!

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